Prazer gastronômico não justifica dor e sofrimento
Ciências sociais

Prazer gastronômico não justifica dor e sofrimento dos animais

O prazer gastronômico não justifica infligir dor, e o sofrimento dos animais. É o que defende artigo científico de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Eles argumentam que a criação de animais para alimentação é extremamente cruel.

“Em fazendas industriais os animais sofrem com a superpopulação e a escuridão. Perecem doentes sem cuidados veterinários. E a maioria dos animais sofre mutilações dolorosas – descorna em bois, caudectomia [corte das caudas] em porcos, debicação [corte dos bicos] em aves, castração etc – logo depois do nascimento, sem qualquer analgesia durante ou depois das comuns práticas”.

Os autores criticam “o sistema de crenças que normaliza e naturaliza o consumo de produtos de origem animal, colocando-o inclusive como necessário”. Para eles, normal e natural é substituir os produtos de origem animal por vegetais.

“Normal é refinar-se a produção de carne, bem como quaisquer outros produtos de origem animal”, afirmam.

Eles defendem que “natural é substituir a carne e produtos de origem animal por outros”. Sugerem a alimentação à base de plantas e/ou a carne cultivada.

Não é justo o sofrimento dos animais, seres sencientes

“O prazer gastronômico não justifica, de fato, infligir dor e sofrimento a tantos seres sencientes, ao lado das mazelas [males] à saúde humana e ambiental”.

Seres sencientes são aqueles capazes de sentir sensações e sentimentos, como dor, angústia e medo, como os animais usados para consumo. O mero prazer de comer produtos de origem animal não justifica o sofrimento a que submetemos esses seres.

A coisificação do animal

Para os autores, o que perpetua esse comportamento desnecessário e, portanto, o sofrimentos dos animais, é a “coisificação do animal”, amparada na ausência de questionamento sobre os pretextos culturais e históricos do uso de animais para alimentação, como a “falácia do Abate Humanitário”.

De acordo com o artigo, o consumo de produtos animais continua em função da “repetição inconsciente de dogmas [doutrinas] deste sistema de crenças”.

Ou seja, para os onívoros, consumir produtos de origem animal está de acordo com as regras e deixar de consumi-los não seria normal. Para estes, também estaria de acordo com as leis da natureza, uma tradição medieval “pautada em comportamentos que são atualmente injustificáveis”.

Conforme aponta o artigo, põe-se a proteína animal como impossível de ser dispensada, apesar dos “exaustivos estudos acerca da saudável nutrição vegana”.

“Necessário é reduzir-se o consumo de carne, bem como de demais produtos de origem animal. Para tanto, não somente uma mudança comportamental é requerida, mas também, políticas públicas, legislações e ações judiciais que apontem para este caminho”, os autores defendem.

O artigo, publicado na revista científica Lex Humana está disponível para leitura na íntegra. Outras abordagens exploradas no artigo foram discutidas na matéria Vulnerabilidade animal é também a nossa, do Veganismo e Ciência.


Referências bibliográficas:


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