Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial: 26 de abril
Ciências da saúde

Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial: 26 de abril

O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial é comemorado no dia 26 de abril. A data é importante para reforçar o combate a essa doença que já atinge cerca de 35% da população brasileira.

A hipertensão arterial sistêmica (pressão alta) é também responsável por até 80% dos casos de acidente vascular cerebral (derrame) e 60% dos casos de infarto do miocárdio (ataque cardíaco) no país, além de causar outras doenças e complicações.

Para se ter uma ideia, no Brasil, os problemas cardiovasculares associados à pressão alta são responsáveis por aproximadamente 300 mil mortes por ano. E, uma vez que ela é silenciosa – isto é, nem sempre causa sintomas – metade dos hipertensos do país ainda não sabe que possui o problema.

Como mostram inúmeros estudos científicos, a alimentação baseada em plantas, especialmente a vegana, constitui alternativa para prevenir e tratar essa doença, bem como as complicações associadas a ela.

Por que a pressão sobe? Quais as causas da hipertensão arterial?

Nem todo mundo sabe quais as causas da pressão alta. E, de fato, a resposta para essa pergunta não é simples. Isso porque a hipertensão tem origem multifatorial. Mas o que isso quer dizer? Que diversos fatores podem causar hipertensão.

A grande maior parte desses fatores é aquela que corresponde aos fatores de risco modificáveis, que são aqueles evitáveis. Estes fatores incluem, por exemplo, hábitos alimentares inadequados (como consumo elevado de álcool, sal e gordura), obesidade, tabagismo, sedentarismo, estresse, por exemplo.

Os fatores não modificáveis são aqueles que não se pode evitar, como envelhecimento e histórico familiar. Fatores genéticos, como a ascendência negra ou latina, também aumentam o risco. Entretanto, não há dúvida de que hábitos de vida saudáveis reduzem o efeito dos fatores não modificáveis.

Ou seja, nem mesmo o histórico familiar ou fatores genéticos determinam que uma pessoa terá a doença. Isso porque se ela adotar um estilo de vida suficientemente saudável pode não desenvolver hipertensão nem mesmo na velhice.

Então pressão alta é hereditária? Sim, pode-se dizer que hipertensão é hereditária, mas isso não significa – como comentei acima – que uma pessoa com pais hipertensos desenvolverá hipertensão. Tudo vai depender, principalmente, dos hábitos de vida. A alimentação vegana, por exemplo, reduz a pressão arterial e ainda o risco de desenvolver essa doença.

Mas mesmo para quem já tem hipertensão pode se beneficiar de mudanças no estilo de vida, especialmente na alimentação. Afinal, essas mudanças promovem o controle da pressão arterial e previnem as complicações decorrentes da doença, como infarto, acidente vascular cerebral e insuficiência renal.

Fatores de risco emocionais

No entanto, é bom saber que fatores emocionais também podem desencadear a pressão alta. Então, existe pressão alta emocional? Sim, de certa forma, pois há, por exemplo, relação entre estresse e pressão alta, assim como entre ansiedade e hipertensão. Você pode desenvolver pressão alta por estresse.

E ansiedade sobe pressão? Sim, ansiedade eleva a pressão em alguns casos, ou seja, problemas emocionais são, muitas vezes, os motivos da pressão alta de um indivíduo.

Em geral, indivíduos que convivem com altos níveis de estresse, têm pouco sono ou abusam do consumo de substâncias como álcool e sal têm maiores chances de desenvolver a doença.

Por outro lado, existe aquilo que chamamos de hipertensão arterial secundária, que se refere à pressão alta que é causada por outra condição ou doença. Um exemplo é a relação entre pressão alta e diabetes. Isso porque o diabetes causa pressão alta ou, pelo menos, aumenta o risco.

Outras causas de hipertensão secundária são, por exemplo, doença renal, aterosclerose, doenças da tireoide e uso de certos medicamentos.

Quando a pressão alta não é causada por nenhuma doença específica, é chamada de hipertensão arterial primária ou hipertensão essencial.

Quais os sintomas da hipertensão arterial?

Muita gente pergunta: quais os sintomas da pressão alta? O fato é que, na maior parte dos casos, o que se vê é aquilo que chamamos de pressão alta silenciosa. Ela não costuma causar sintomas e é por isso que muita gente tem a doença e nem sabe.

É por esse motivo que é tão importante realizar visitas regulares ao médico. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar as complicações da doença não controlada. A conscientização sobre essa necessidade é um dos objetivos do Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.

De qualquer maneira, quando surgem, os principais sintomas de pressão alta são dor de cabeça, dor no peito, tontura, náuseas, fraqueza, falta de ar, palpitações, zumbido no ouvido, visão embaçada e sangramento nasal. Porém, em geral, estes acabam se enquadrando como sintomas de pressão muito alta.

Então pressão alta afeta a visão? Realmente existe uma relação entre pressão alta e visão embaçada. Quando a pressão sobe muito, ela pode embaçar e até causar perda parcial da visão. Mas o problema se reverte com a normalização da pressão.

E, às vezes, a pressão alta causa sangramento no nariz. Isso porque ela pode romper os pequenos vasos da mucosa nasal.

Entretanto, em casos mais graves, podem ocorrer ainda alterações de movimento, fala, dor de cabeça mais intensa e perda de consciência.

Quando os sintomas ocorrem, é fundamental buscar rapidamente ajuda médica rapidamente e iniciar o tratamento precocemente.

Qual a pressão arterial ideal? E quando a pressão arterial é considerada alta?

Considera-se elevada a pressão arterial cujos valores são iguais ou superiores a 14 por 9, ou seja, 140×90 mmHg (milímetro de mercúrio). Então, qual pressão é considerada alta? Quando a pressão está alta? Quando ela está a partir de 14 por 9.

Qual o normal da pressão arterial? Os valores normais são os correspondentes a 12 por 8 ou menos.

O primeiro número refere-se à pressão máxima ou sistólica, que corresponde à contração do coração, enquanto o segundo número representa a pressão mínima ou diastólica, que ocorre quando o coração relaxa.

Em outras palavras, a pressão diastólica normal é aquela até 8, e a sistólica até 12 mmHg. A pressão limítrofe (dentro dos limites normais) é aquela cuja pressão arterial diastólica está entre 8,5 e 8,9 mmHg, e a sistólica entre 13 e 13,9 mmHg.

Uma pressão sanguínea alta é uma pressão arterial descompensada. A chamada hipertensão descompensada é aquela em que os valores estão altos.

Para indivíduos hipertensos (isto é, com diagnóstico de hipertensão), a pressão descompensada representa risco de complicações. Isso porque, embora seja assintomática, a elevação sustentada, acima de 140/90 mmHg, pode provocar alterações estruturais e funcionais em órgãos como coração, cérebro, rins e vasos sanguíneos.

Tratamento da hipertensão arterial – a adesão é alvo do Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial

A hipertensão arterial tem cura? Geralmente, não, mas tem tratamento. Quando o médico faz o diagnóstico, o controle de pressão arterial é feito com medicamentos prescritos, que devem ser utilizados conforme as orientações do prescritor.

Porém, muita atenção. As mudanças de estilo de vida são fundamentais. O próprio médico recomenda essas mudanças como parte do tratamento.

Infelizmente, os medicamentos sozinhos – sem mudanças de estilo de vida, sobretudo, na alimentação – não são capazes de resolver o problema. E quando o paciente não adere a essas recomendações, o que acaba ocorrendo é a necessidade de aumentar a dose do medicamento para controlar a pressão. E, pior ainda, acrescentar mais medicamentos, o que expõe o paciente a mais efeitos colaterais, piorando sua qualidade de vida.

Por outro lado, não é possível deixar de tomar os medicamentos. Deixar de tomá-los significa colocar em risco a sua vida e a sua saúde. Imagine, por exemplo, ter um acidente vascular cerebral (AVC, derrame) porque sua pressão estava descontrolada. Saiba que, se uma coisa dessas acontece, você pode perder a vida ou a saúde que você tem hoje – talvez irreversivelmente. Isso porque uma complicação como essa pode deixar sequelas.

Não à toa, viu-se a necessidade da criação do Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, como uma oportunidade de espalhar e reforçar esse alerta.

Por isso, se você receber um diagnóstico de hipertensão, realize o tratamento com seriedade. Tome os medicamentos prescritos pelo seu médico e adote um estilo de vida mais saudável.

Alimentação baseada em plantas

Como informa artigo publicado na revista científica internacional Journal of Cardiovascular Development and Disease, a alimentação desempenha um papel fundamental na prevenção e tratamento da hipertensão arterial.

Os autores afirmam que milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de hipertensão arterial, definida como pressão arterial sistólica acima de 140 mm Hg e pressão arterial diastólica acima de 90 mm Hg (valores usados como referência nos Estados Unidos).

Esses autores defendem a adoção de uma dieta baseada em plantas para prevenir e tratar a hipertensão.

Eles explicam que o início da hipertensão arterial pode ser retardado e combatido com a adoção de uma dieta adequada. Essa dieta deve ser caracterizada por uma baixa ingestão de ácidos graxos saturados (gorduras cuja maior parte é de origem animal), alta ingestão de frutas e vegetais, redução da quantidade de alimentos ricos em sal (com ou sem adição de sal) e limitação do consumo de álcool.

Para os autores, essas medidas ajudam a manter o peso corporal adequado ao longo do tempo, o que também ajuda no controle da pressão.

Os autores esclarecem que a adoção de uma dieta adequada pode realmente ter efeitos positivos na hipertensão arterial. Tais efeitos incluem melhor vasodilatação (dilatação dos vasos sanguíneos), aumento da ingestão de antioxidantes naturais e compostos anti-inflamatórios, maior sensibilidade à insulina (reduzindo o risco de diabetes), menor viscosidade sanguínea (afinamento do sangue) e mudanças positivas na composição da microbiota (flora) intestinal.

Eles argumentam que alguns padrões alimentares, como as dietas baseada em plantas, estão associados a um menor risco de desenvolvimento de hipertensão arterial. Esse tipo de alimentação está associado a níveis mais baixos de pressão arterial, quando comparado com dietas onívoras (as que incluem produtos de origem animal).

Como pontuam os autores, estudos mostram que uma alimentação baseada em plantas pode reduzir a pressão arterial sistólica em 6,7 mm Hg e a pressão arterial diastólica em 5,9 mm Hg.

Alimentação vegana

Conforme mostram as pesquisas, a adoção de uma dieta vegana pode reduzir a pressão e favorecer o controle da hipertensão.

Além disso, o efeito da dieta vegana na pressão arterial é semelhante ao das dietas recomendadas pelas sociedades médicas. Além de ser constituída por gorduras de boa qualidade, essa dieta é caracterizada por uma ingestão reduzida de sódio na alimentação.

Por essa razão, em indivíduos normotensos (isto é, que tem pressão normal), ela reduz a pressão arterial sistólica em 1 a 4 mm Hg. Nos hipertensos, ela promove uma redução de 5 a 7-8 mm Hg. Desse modo, tanto previne quanto trata a hipertensão.

De qualquer maneira, uma dica importante para uma alimentação saudável é reduzir o consumo de sal, que é a principal fonte de sódio na dieta.

A média de consumo de sal no Brasil é de 12g por dia, enquanto a recomendação da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde é de 5g por dia (equivalente a uma colher de chá), o que corresponde a aproximadamente 2g de sódio.

Além dos alimentos salgados, o sódio também está presente em alimentos industrializados como enlatados, embutidos, conservas, pipoca de microondas, macarrão instantâneo, pão francês, refrigerantes diet e zero, adoçantes e até mesmo em alguns doces.

É importante ler os rótulos dos produtos e optar por alimentos naturais, como frutas, verduras, legumes e cereais integrais.

Uma alternativa para substituir o sal de cozinha é utilizar ervas aromáticas e especiarias, como manjericão, tomilho, hortelã, salsa, erva-doce, louro, coentro, açafrão ou sálvia, e temperos como pimenta do reino, curry, páprica, noz-moscada, canela, gengibre e cravo, para dar sabor aos alimentos sem comprometer a saúde. É possível preparar uma mistura dessas ervas e especiarias para utilizar no lugar do sal de cozinha.

O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial é uma excelente oportunidade de lembrar e reforçar a importância desses cuidados, que melhoram não apenas previnem e tratam a hipertensão, mas melhoram a saúde como um todo.


Referências:

Koutentakis M et al. The Effect of a Vegan Diet on the Cardiovascular System. Journal of cardiovascular development and disease 2023;10(3):94.


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