Saúde humana e ambiental e veganismo
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Saúde humana e ambiental impulsiona veganismo

Pesquisadores de universidades da Finlândia, Suécia, Alemanha e Austrália defendem que o veganismo é uma solução para vários problemas sociais. Estes incluem a deterioração da saúde humana por doenças crônicas, os danos ambientais e a fome global. A percepção de que o veganismo beneficia a saúde humana e ambiental tem impulsionado sua disseminação. O artigo em que o grupo apresenta seus argumentos foi publicado na revista científica britânica Trends in Food Science & Technology.

Essa observância do veganismo como benéfico para a saúde humana e ambiental tem resultado também no apoio de instituições, incluindo as governamentais. Os autores contam que vários países europeus e organizações nacionais de pesquisa em saúde estão promovendo ativamente uma dieta baseada em vegetais. A finalidade é ajudar os cidadãos a se tornarem mais saudáveis ​​e mitigar as mudanças climáticas. Eles comentam ainda que o governo holandês, por exemplo, está aconselhando seus cidadãos a seguirem uma dieta baseada em vegetais. Isso para que o país possa se tornar um líder mundial em sustentabilidade até 2030.

Para eles, o veganismo não apenas protege os direitos dos animais, mas também oferece uma solução para alguns dos problemas do sistema alimentar global. Esses problemas integram os desafios que norteiam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU). Os autores se referem especialmente a dois desses objetivos: promover o consumo e a produção sustentáveis ​​e acabar com a fome global. Segundo os autores, para alcançar esses objetivos, o sistema de produção de alimentos precisa mudar.

Eles defendem que, se mais pessoas no mundo seguissem uma dieta baseada em vegetais, haveria uma diminuição significativa do impacto ambiental prejudicial da produção intensiva de alimentos derivados de animais, especialmente carne e laticínios. A redução do consumo desses produtos possibilitaria um sistema de produção de alimentos mais sustentável e ecologicamente correto.

De fato, como sinalizam os autores, a indústria pecuária (que produz carne e laticínios) é considerada insustentável. Ela gera emissões de gases de efeito estufa, degradação da terra, erosão do solo, desmatamento, perda de biodiversidade, contaminação da superfície e das águas subterrâneas. Estudos sugerem que 18% das emissões globais de gases de efeito estufa vem da pecuária, o que é mais do que as geradas pelo setor de transportes em sua totalidade.

Os autores argumentam também que o impacto negativo do excesso de produção e consumo de carne e laticínios não se limita ao meio ambiente. O desastre se estende à saúde humana. De acordo com a Organização Mundial da Saúde e o Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer, condições como doenças cardiovasculares, obesidade, colesterol alto, pressão alta, câncer de mama, de cólon e de próstata e diabetes são mais prováveis em humanos carnívoros. Eles acrescentam que, segundo pesquisas recentes, uma dieta baseada em vegetais, além de prevenir esses e outros problemas de saúde, pode até melhorar o humor.

Ironicamente, a matança dos animais para produção de alimentos gera a deterioração da saúde humana e do planeta e, dessa forma, resulta na perda precoce de vidas humanas. É preciso romper esse ciclo. Felizmente, já sabemos como.


Referências bibliográficas:

Saari UA et al. The vegan trend and the microfoundations of institutional change: A commentary on food producers’ sustainable innovation journeys in Europe. Trends in Food Science & Technology 2021;107:161-167. Disponível em https://doi.org/10.1016/j.tifs.2020.10.003


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