Tendência vegana na Europa
Ciências sociais

Indústria reage à tendência vegana na Europa

Ontem, o Veganismo e Ciência comentou a publicação de um artigo sobre o impulso à disseminação e ao apoio institucional ao veganismo. Esse impulso é resultado da percepção, pelo público e pelas instituições – governamentais ou não – das vantagens do veganismo para a saúde e o ambiente. O artigo, elaborado por pesquisadores de universidades da Finlândia, Suécia, Alemanha e Austrália, mostra também que, conforme o veganismo cresce na Europa, a indústria reage. Segundo eles, a crescente tendência vegana na Europa está motivando produtores a desenvolver opções alimentares veganas. Na Europa, já existe uma ampla variedade de produtos veganos para atender um número expressivo de consumidores que adotaram esse estilo de vida. Entretanto, a percepção do rápido e notável crescimento de veganos – o “cenário em mudança”, como referem os pesquisadores – tem impulsionado o mercado cada vez mais e também motivado o desenvolvimento de inovações.

“O artigo concentra-se em três países – Alemanha, Holanda e Finlândia – onde a tendência vegana tem crescido tanto para consumo quanto para produção”, explicam os autores. Para eles, trata-se da “jornada de inovação sustentável em torno de alimentos à base de plantas”. Essa “mudança institucional em direção à produção de alimentos sustentável” é uma resposta ao “cenário em mudança”.

De fato, tal como referem os autores, estudos recentes mostram que “o veganismo não é mais um pequeno nicho na cultura alimentar ocidental e sim que está crescendo cada vez mais para se tornar uma das principais opções globais”. Embora os indivíduos que seguem um estilo de vida vegano ainda sejam a minoria, as tendências recentes indicam um crescimento notável em seu número. Este tem sido mais expressivo em países desenvolvidos.

Como já foi comentado na matéria de ontem, o governo holandês está aconselhando seus cidadãos a seguirem uma dieta baseada em vegetais. Isso para que o país possa se tornar, até 2030, um líder mundial em sustentabilidade. Os autores informaram ainda que, em 2016, um ministro holandês já havia visitado startups de alimentos à base de plantas na Califórnia. A intenção era fortalecer as colaborações globais. Esse movimento vem, portanto, acontecendo há um bom tempo.

Os autores afirmam também que, na Finlândia, o crescimento de pessoas que não comem carne foi mais forte entre os jovens de 17 a 24 anos. A porcentagem de indivíduos que optaram por não comprar carne por lá quase dobrou de 2012 para 2016, passando de 9,2% para 17,7%. De 2015 para 2016, a preferência por uma dieta à base de vegetais também subiu entre os finlandeses. O reflexo foi o aumento de 20% nas vendas de substitutos lácteos à base de vegetais e produtos congelados sem carne em um único ano.

Essa tendência se estende a outros países europeus. Como divulgado pela Vegazeta em janeiro, pesquisa conduzida pelo site britânico Finder.com mostrou que o número de veganos do Reino Unido quase dobrou em 2020. Além disso, na pesquisa, cerca de 2 milhões de pessoas manifestaram interesse em se tornar veganas até o final de 2021. Se elas conseguissem levar adiante esse plano, a alimentação vegana acabaria se tornando, no próximo ano, a segunda dieta mais popular.


Referências bibliográficas:

Saari UA et al. The vegan trend and the microfoundations of institutional change: A commentary on food producers’ sustainable innovation journeys in Europe, Trends in Food Science & Technology 2021;107:161-167. Disponível em https://doi.org/10.1016/j.tifs.2020.10.003


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