Alimentação vegana no tratamento da diabesidade
Ciências da saúde

Alimentação vegana no tratamento da diabesidade

“Diabetes e obesidade estão aumentando em um ritmo acelerado e dando origem a uma nova epidemia chamada diabesidade”. Esse é um dos alertas que integram o consenso sobre terapia nutricional médica para a diabesidade (CoMeND) em adultos, publicado na nova edição da revista científica britânica “Diabetes, Metabolic Syndrome and Obesity: Targets and Therapy”. O documento aponta a alimentação vegana como uma das opções no tratamento nutricional e também na prevenção da diabesidade.

Vantagens e desvantagens da dieta vegana na diabesidade

A diabesidade é a combinação entre diabetes e obesidade. Créditos: PIXABAY.

O CoMeND apresenta ainda as vantagens e desvantagens da alimentação vegana no tratamento da diabesidade. Segundo o documento, a dieta vegana tem como vantagens a redução do peso, do LDL (mal colesterol), da hemoglobina glicada e do risco de diabetes, sem baixar as taxas do HDL (bom colesterol).

De fato, a diminuição nos níveis de hemoglobina glicada indica um melhor controle dos níveis de glicose. Dessa forma, torna-se fator que previne e trata a doença.

Já como desvantagens da alimentação vegana, a publicação refere os problemas de aceitabilidade e adesão por aqueles que não são adeptos desse tipo de dieta. Além disso, aponta a necessidade suplementação de vitamina B12 – para todos que adotam uma alimentação vegana – e de um cuidadoso planejamento de micronutrientes (zinco, cálcio e ferro), especialmente em idosos.

O guia é dirigido ao tratamento de pacientes sul-asiáticos

Criado por pesquisadores do sul da Ásia, o CoMeND é um guia dirigido especialmente ao tratamento de pacientes dessa região. O documento ressalta que os sul-asiáticos diferem do resto do mundo em vários aspectos. Estes incluem características físicas, práticas culinárias, recursos alimentares e práticas médicas de terapia nutricional.

De fato, essas e outras diferenças justificam a necessidade de desenvolvimento de diretrizes – guias oficiais e científicos de conduta médica e profissional – adequados para cada região do planeta.

Todavia, não é a primeira vez que um guia nutricional menciona os benefícios da dieta vegana. O consenso americano sobre terapia nutricional para diabetes e pré-diabetes, publicado na revista americana “Diabetes Care” em 2019, também apontou os potenciais benefícios da dieta vegana. Assim como no CoMeND, o consenso americano mencionou a redução do peso, do LDL, da hemoglobina glicada e do risco de diabetes, sem diminuir o HDL. Porém, esse documento referiu não ter encontrado evidências suficientes para recomendar essa e outras dietas como tratamento.

Por outro lado, já existe um volume significativo de pesquisas científicas que apontam os benefícios da alimentação vegana. Com isso, é de se esperar que outros guias médicos oficiais de tratamento nutricional passem a contemplar esse tipo de alimentação.

Afinal, o crescimento exponencial do número de veganos constitui uma oportunidade valiosa para a condução de pesquisas acerca do impacto do veganismo na saúde humana.

Os consensos comentados nesta matéria podem ser acessados na íntegra em https://doi.org/10.2147/DMSO.S278928 e https://care.diabetesjournals.org/content/42/5/731


Referências bibliográficas:

  • Evert AB. Nutrition Therapy for Adults With Diabetes or Prediabetes: A Consensus Report. Diabetes Care 2019;42(5):731-754.
  • Kapoor N et al. Consensus on Medical Nutrition Therapy for Diabesity (CoMeND) in Adults: A South Asian Perspective. Diabetes Metab Syndr Obes 2021;14:1703-1728.


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