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Ciências agrárias

Veganismo e sustentabilidade – conceitos perfeitamente alinhados, diz artigo

Veganismo e sustentabilidade são conceitos perfeitamente alinhados, diz artigo publicado na Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Para os autores, a integração entre veganismo e ESG (conceito que associa as esferas ambiental, social e governança das atividades empresariais) é uma forma eficaz de promover sustentabilidade.

Os autores explicam que, “ao adotar o ESG, as empresas podem reduzir seus impactos ambientais e sociais”. Em total conformidade com tal conceito, “a produção de alimentos à base de plantas requer menos recursos naturais e produz menos resíduos do que a produção de alimentos de origem animal”.

Por outro lado, “a produção de produtos de origem animal é responsável por diversos impactos negativos ao planeta”. O problema afeta negativamente o ambiente e a sociedade. É também responsável “por uma grande quantidade de emissões de gases de efeito estufa, desmatamento, degradação de ecossistemas naturais e poluição da água e do solo”.

A agricultura animal, por exemplo, vai na contramão da sustentabilidade. Trata-se de “uma atividade que promove um crescente impacto negativo ao meio ambiente e que certamente não é sustentável a longo prazo”.

“Adicionalmente, a pecuária é uma das principais causas da perda de biodiversidade e da degradação do solo”. É ainda “uma das principais fontes de consumo de água e energia”.

Em contrapartida, o veganismo ajuda a “mitigar os impactos ambientais negativos da agricultura animal”. Esse estilo de vida contribui, inclusive, com a redução da pegada de carbono de uma pessoa, “já que a produção de alimentos de origem animal é responsável por uma grande quantidade de emissões de gases de efeito estufa”.

Por essas e outras razões, a adoção de um estilo de vida vegano é, de acordo com o artigo, mais sustentável e, até mesmo, mais saudável, tanto para as pessoas quanto para o planeta.

Penso, logo, sou vegano

No artigo, os autores citam um trabalho científico apresentado na 40a Conferência Anual de Macromarketing, em Chicago, EUA, em 2015, sob o título “I think, therefore I am vegan: veganism, ethics, and social justice”. Em português, “Penso, logo, sou vegano: veganismo, ética e justiça social”.

Nesse trabalho, “o autor destacou que o veganismo é uma filosofia que busca estender a justiça social aos animais não-humanos, além de ser uma alternativa sustentável e saudável para a preservação do meio ambiente e promoção da saúde pessoal”.

Paradoxo do queijo

De fato, na medida em que a adoção do veganismo “busca estender a justiça social aos animais não-humanos”, ele pressupõe mais do que a mera eliminação do consumo de carne.

Para efetuar essa discussão, os autores comentam o chamado “paradoxo do queijo”, que comparam com o conhecido “paradoxo da carne” (nas palavras dos autores, “a tensão entre o amor pelos animais e o desejo de consumir sua carne”). Para eles, o paradoxo do queijo é semelhante ao da carne, “pois muitos vegetarianos se opõem ao consumo de carne, mas, ainda assim, consomem produtos lácteos que envolvem a exploração de animais”.

Na verdade, pesquisas mostram que alguns vegetarianos equivocadamente “acreditam que esses produtos são menos prejudiciais aos animais do que a carne, enquanto outros afirmam que são necessários para uma dieta saudável”. Sabe-se, porém, que esses produtos não são necessários à saúde humana – muito pelo contrário.

Para justificar essa escolha, alguns vegetarianos também argumentam que “consomem produtos lácteos e ovos de fontes que consideram mais éticas, como fazendas orgânicas ou locais”.

Como referem os autores do artigo, tal atitude constitui um contrassenso. Eles ressaltam “que os consumidores vegetarianos que assumem a contradição de consumir produtos de origem animal fora a carne, reconhecem a incoerência entre os seus valores e as suas ações, mas tentam justificar ou minimizar o seu impacto negativo”.

Afinal, não apenas a produção de carne, mas também a de leite e ovos, “requer grandes quantidades de recursos naturais, como água, terra e alimentos para os animais, o que pode levar à escassez desses recursos em algumas regiões do mundo”.

Veganismo e sustentabilidade

Os autores explicam que “o desenvolvimento sustentável é um conceito que busca equilibrar o crescimento econômico, a inclusão social e a proteção ambiental, garantindo que as necessidades da geração atual sejam supridas sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”.

Para eles, diante da realidade, “é prudente que as empresas adotem o ESG em suas estratégias de negócio, promovendo a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva”.

Mais ainda, “a integração entre ESG e veganismo pode contribuir para a construção de um futuro mais sustentável e equitativo para todos. Ao adotar práticas sustentáveis em toda a cadeia produtiva, é possível promover a sustentabilidade ambiental, social e econômica, garantindo um futuro mais justo e resiliente para as próximas gerações”.

Essa responsabilidade se estende também aos consumidores. As empresas e os consumidores devem adotar “práticas mais sustentáveis em suas atividades, considerando os impactos de suas escolhas e buscando alternativas mais responsáveis e conscientes”.

“A integração entre ESG e veganismo certamente é uma forma eficaz de promover a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva, mas para tal, é preciso que as empresas, os governos e a sociedade civil trabalhem juntos para garantir um futuro mais sustentável e equitativo para todos. A conscientização e a mudança de hábitos são fundamentais para a construção de um mundo mais sustentável e justo, e a integração entre o ESG e o veganismo pode ser um passo importante nessa direção”.


Referência:

FRANCO, Annibal Gouvêa. BATISTA, Melissa Marcílio. ESG e veganismo: integração das práticas sustentáveis à cadeia produtiva. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 09, Ed. 05, Vol. 01, pp. 96-109, 2024. Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/meio-ambiente/esg-e-veganismo


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