Rodeios e outros shows de horrores
Ciências sociais

Rodeios e outros shows de horrores

A lei que autoriza a realização de rodeios em Sorocaba, interior do estado de São Paulo, foi sancionada, ou seja, aprovada, na última terça-feira (27/07/2021). Os rodeios voltaram a ser uma atividade legal na cidade. Como é possível nos dias de hoje as autoridades permitirem esse tipo de selvageria? Tal questionamento tem sido colocado por cientistas do mundo todo. No ano passado, publicação da revista científica canadense The Canadian Veterinary Journal questionava eticamente inclusive a ilógica participação de veterinários nesse tipo de atrocidade. “Não faz parte dos deveres da nossa profissão ‘não causar danos?’, perguntaram os autores, médicos veterinários e pesquisadores canadenses.

De fato, não é fácil compreender como médicos veterinários, que escolhem cuidar da saúde dos animais, apoiam ou se envolvem em atividades que fazem exatamente o contrário: causam dano aos animais. Pior ainda é saber que o uso de animais em entretenimento é absolutamente desnecessário. Isso mostra que infelizmente o que promove o uso de animais não é a necessidade – é a crueldade. Triste ter que assumir essa face horrível do ser humano. As máscaras caem quando se trata de rodeios, touradas, farras do boi e monstruosidades desse tipo. Que tal parar com a hipocrisia?

A crítica declarada dos autores não se limitou aos veterinários. Eles questionaram também a exploração desnecessária dos animais em várias circunstâncias. “Embora não seja difícil entender como nós, humanos, tivemos a ideia de que era certo explorar animais, é difícil entender por que isso continua até hoje”, os autores defenderam. “Gerá-los, muitas vezes, por meios artificiais; para abrigá-los em condições intensivas nas quais nunca colocaríamos os animais da nossa família; para forçá-los a crescer muito rapidamente; e então ser ‘humanamente’ abatidos, impotentemente, quando eles são ainda meros bebês – ou, em uma fração de sua expectativa de vida natural, quando eles não são mais lucrativos, após ter arrancado seus bebês ano após ano após ano”.

“Eles diferem dos seres humanos, é verdade, mas, como nós, são seres sencientes que podem sentir e sofrer”, os autores argumentaram. “A ideia de que são objetos insensíveis, como cadeiras ou mesas, para serem usados ​​por e para os humanos, é trágica e tem graves consequências para eles”.

“Além disso, NÓS não estamos produzindo ‘alimento’ e ‘fibra’, o animal está fazendo isso, mas para si mesmo. Os humanos estão simplesmente roubando esses itens que pertencem ao animal, incluindo sua vida, muitas vezes em circunstâncias extremamente desumanas, mas sempre sem o seu consentimento”, alegaram.

“Os humanos podem viver uma vida plena e saudável com uma dieta baseada em vegetais”, declararam. “Então, por que estamos, como veterinários, continuando a apoiar essas fazendas-fábricas, e o uso de animais como ‘alimento e fibra’ – e também para entretenimento, como nos rodeios que os ativistas estão tentando expor publicamente? Isso é realmente tão diferente de expor publicamente a crueldade a crianças em uma creche, a idosos em asilos, a cachorros em uma fábrica de filhotes, a cavalos famintos em um campo?”

“Nenhuma manipulação da realidade é necessária; [o que acontece com os animais] é amplamente horrível; e é por isso que alguns setores da indústria de carnes, laticínios e ovos estão se esforçando para conseguir a adoção de leis Ag-Gag: para esconder essa realidade da vista do público”. As leis Ag-Gag mencionadas pelos autores são aquelas também conhecidas como leis da mordaça ou leis anti-denúncia. Elas são usadas para impedir que indivíduos revelem ao público os piores abusos cometidos pela agropecuária. Afinal, essa exposição não é boa para os negócios do setor.


Referências bibliográficas:


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