Dieta vegana no esporte
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Pesquisadora defende dieta vegana no esporte

Nesta semana, o Veganismo e Ciência têm abordado as novidades sobre os benefícios da dieta vegana no esporte. Para encorpar o debate, a matéria de hoje apresenta os argumentos de uma autoridade no assunto, a vegana austríaca Katharina Wirnitzer. Pesquisadora, professora, especialista e doutora em Ciências e Pedagogia do Esporte, ela defende a dieta vegana no esporte. Após muitos anos de atuação no ensino, ela passou a realizar, em 2003, palestras e pesquisas sobre esportes, exercícios e nutrição vegetariana e vegana. Seu foco tem sido a saúde sustentável, o aconselhamento nutricional para jovens atletas e a educação em saúde. Para ela, a dieta vegana oferece uma base ideal para a participação em esportes.

Wirnitzer coordenou diversos projetos de pesquisa sobre o desempenho esportivo de atletas veganos. Um desses projetos é Nutrition and Running High Mileage (NURMI) – em português, Nutrição e Corrida de Alta Quilometragem, já mencionado aqui no site. O NURMI foi realizado com corredores de ultra resistência, residentes na Áustria, Alemanha e Suíça. O projeto foi desenvolvido para criar um amplo corpo de evidências científicas a respeito do desempenho de corredores vegetarianos e veganos quando comparados a onívoros.

Parte dos achados encontrados nesses e em outros estudos sobre os benefícios da dieta vegana foram divulgados no ano passado (2020) em um congresso internacional coordenado por Wirnitzer – International Research & Knowledge Exchange for Addressing Today’s Global Health Paradox. O material resultante está disponível online.

Em seu artigo publicado também no ano passado na revista International Journal of Sports and Exercise Medicine, Wirnitzer comentou que há um boom de veganos tanto no esporte quanto fora dele. Diante disso, o conhecimento científico sobre os benefícios da alimentação vegana pode incentivar os atletas e suas famílias, técnicos e especialistas em saúde e esportes a manterem a mente mais aberta quando um atleta expressa o desejo de adotar essa dieta.

No texto, ela declarou que a abundância de evidências científicas sobre as dietas veganas tem comprovado seus tremendos benefícios à saúde. Acrescentou que “uma dieta vegana bem planejada, suplementada com vitamina B12 e implementada cuidadosamente, promove a construção de massa e força muscular e um bom estado de saúde para os atletas”. Essa alimentação também é compatível com esportes competitivos e de alto desempenho.

Ela afirma que, embora os benefícios da alimentação vegana para a saúde sejam sólidos, os atletas veganos, com frequência, enfrentam preconceitos sem fundamento. Explica que a crença de que os vegetais possuem pouca proteína ou que esta tem menor qualidade ainda é amplamente difundida e predominante. “É por isso que os veganos são repetidamente questionados com preconceitos subliminares, a saber: A proteína vegetal é de qualidade inferior, não é? De onde você tira sua proteína?”.

Wirnitzer esclarece que, na verdade, muitos alimentos vegetais têm maior conteúdo de proteína do que alimentos de origem animal. E, como estes últimos apresentam alto teor de gordura, a substituição auxilia no controle do peso corporal. Segundo ela, a própria Academia Americana de Nutrição e Dietética, assume que as dietas vegetarianas e veganas fornecem a mesma qualidade proteica que as dietas à base de carne.

Por isso, “a alegação de que as dietas veganas são inadequadas para promover a saúde devido à ‘proteína vegetal de baixa qualidade’ e às ‘quantidades insuficientes de proteína’ não pode mais ser mantida. Assim, a preocupação de que especialmente os atletas veganos podem não consumir quantidades adequadas de proteína de qualidade é infundada”. Ela defende que a dieta vegana oferece uma base ideal para a participação em esportes.

Para ela, uma dieta vegana bem balanceada deve incluir ingestão calórica adequada e uma grande variedade de alimentos vegetais. Dessa forma, fornecerá quantidades suficientes de todos os aminoácidos essenciais. E assim, “veganos de todas as idades podem não apenas ser adequadamente supridos com proteína suficiente para atender a sua ingestão diária recomendada, mas podem até mesmo exceder suas necessidades de proteína, sem necessidade de uso de suplementos proteicos adicionais”.

“De acordo com a ampla evidência científica, tanto as necessidades de aminoácidos quanto de proteínas de veganos não ativos, e mesmo as maiores necessidades de atletas, são facilmente satisfeitas com uma dieta vegana”, Wirnitzer defende.

Ela reforça que, com base nessas evidências, se um atleta expressa sua intenção de aderir a uma dieta vegana, ele deve receber o apoio de sua família, professores, treinadores, nutricionistas, médicos etc. Para ela, escolas e os clubes desportivos deveriam se apropriar do conhecimento científico sobre o tema e oferecer palestras sobre o enorme potencial dos efeitos sobre a saúde de dietas vegetarianas, mas particularmente da vegana.

Ela defende ainda que o alimento e o esporte são como “medicamentos”, isto é, funcionam como tratamentos, e “sua aplicação inter-relacionada contínua é uma ferramenta altamente eficaz, mas simples, para melhorar a saúde individual”.

Realmente, boa alimentação e atividade física constituem a base para a melhor saúde que uma pessoa pode alcançar.

Referências bibliográficas:


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