Iatrogenia: resultado negativo, não intencional, do atendimento ou tratamento profissional. Iatrogênica: ação que produz iatrogenia.
O rápido, constante e irreversível crescimento do número de veganos no Brasil e no mundo tem aumentado a demanda por profissionais capacitados para atender esse público.
Com base nesses dados, análises sugerem que a alimentação vegana virá a ser a dieta dominante do planeta.
Nesse cenário, é cada vez maior o número de veganos que chegam às clínicas e consultórios em busca de profissionais capazes de acolhê-los, orientá-los e monitorar sua saúde.
Afinal, na saúde ou na doença, o acompanhamento médico profissional é indispensável. Isso também vale para veganos.
Para promover a capacitação profissional nessa área, especialistas e instituições já disponibilizam cursos de treinamento e materiais didáticos. A preparação dos profissionais para atender usuários e pacientes veganos é essencial.
Estudo científico italiano publicado em meados deste mês sobre a relação entre médicos e pacientes veganos, comentado em matéria aqui do Veganismo e Ciência, no dia 19/06/2021, mostrou que alguns profissionais, em função da falta de familiaridade com o veganismo, têm uma atitude oposicionista e persuasiva para com o paciente vegano. Essa conduta pode ser desastrosa.
Os pacientes veganos são, em sua maioria, informados sobre a segurança e benefícios desse tipo de alimentação. Portanto, não se deixam convencer por tentativas de persuasão de profissionais desatualizados e desinformados.
Os profissionais devem ter em mente que a persuasão de um paciente vegano é potencialmente iatrogênica.
Persuadir um paciente vegano, informado, a mudar a dieta é inútil
Os profissionais – sejam eles, médicos, nutricionistas, enfermeiros, farmacêuticos e todos os demais – precisam compreender que veganos convivem e têm contato com outros veganos de todas as idades, cuja ótima saúde e vitalidade são evidentes.
Muitos desses foram veganos por toda a vida; outros são veganos há muitos anos, frequentemente décadas.
Diferentemente da população leiga, que pode ser, pelo próprio desconhecimento, ingênua o suficiente para acreditar em julgamento prematuros, desatualizados e desinformados, muitos desses veganos são médicos, nutricionistas e outros profissionais da área da saúde com vasta experiência. Portanto, a grande maioria dos veganos sabe que a dieta vegana é segura e benéfica.
Além, disso, veganos, em geral, têm por hábito a busca constante pelo conhecimento. Essa busca é justamente motivada pelo envolvimento com a própria saúde, com a qual não são negligentes.
Afinal, segundo pesquisas, veganos são, comumente, um grupo mais escolarizado que busca e tem acesso à informação.
De fato, são abundantes os estudos que apontam os benefícios da dieta vegana. E essas informações acabam alcançando os veganos em função do esforço de grupos interessados na divulgação científica sobre o assunto.
O Veganismo e Ciência tem apresentado e discutido os estudos científicos mais recentes sobre o tema.
Abordagem profissional crítica, prematura, preconceituosa e persuasiva é iatrogenia
Por esses e outros motivos, é inútil uma abordagem profissional crítica, negativa, prematura, preconceituosa, discriminatória e, muito menos, persuasiva. Esse tipo de abordagem dificilmente convencerá um vegano a deixar de sê-lo.
Ele provavelmente procurará outro profissional, de preferência um que esteja capacitado para atendê-lo. Esse, pelo menos, seria um ótimo desfecho. Isso porque a atitude crítica do profissional pode gerar no paciente vegano outro efeito, um efeito indesejável – pelo menos, indesejável a todo profissional que, de fato, se importa com a segurança do paciente.
Qual efeito? Bem, uma conduta profissional crítica pode levar o paciente a evitar o contato com profissionais. Esse seria um desfecho ruim.
Esse quadro tem nome – iatrogenia. Por definição, esta consiste no resultado negativo da conduta profissional. No exemplo ilustrado neste artigo, um resultado possível e infelizmente documentado na literatura científica é a rejeição do paciente ao cuidado profissional, o qual se sabe ser tão essencial.
Em outras palavras, em decorrência da atitude negativa do profissional, o paciente pode, para se proteger de situação semelhante, decidir evitar auxílio profissional.
E é aí que está o grande risco. Um paciente sem orientação profissional pode não conseguir realizar escolhas nutricionais e tratamentos adequados para si e para outros que estejam sob sua dependência.
Essa situação seria agravada com a falta de monitoramento profissional do estado de saúde, necessário a qualquer indivíduo.
Sabe-se que é esse monitoramento, realizado por meio de exames clínicos, por exemplo, que permite que possíveis problemas de saúde e deficiências sejam identificados e corrigidos ou tratados. Por isso, a persuasão de um paciente vegano é potencialmente iatrogênica.
Se o profissional não estiver capacitado, deve encaminhar o paciente
Quando o profissional não se sentir preparado ou capacitado para atender um usuário ou paciente vegano, deve encaminhá-lo para profissionais especializados.
Atualmente, já existem inúmeros. A indicação pode ser feita com auxílio de instituições como a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e a Associação Brasileira dos Médicos Vegetarianos (ABMV).
Cursos de treinamento e atualização profissional
Curso de treinamento e atualização profissional sobre alimentação vegana já estão disponíveis. Um deles é o curso de Pós-Graduação em Nutrição Vegetariana com extensão em Gastronomia Vegana, atualmente oferecido online. Trata-se de um curso oficial da Sociedade Vegetariana Brasileira, reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).
Atualmente, há muitas outras opções oferecidas online. Entre elas, destacam-se o curso “Nutrição para Vegetarianos – Curso Completo para Nutricionistas e Estudantes de Nutrição”, “Alimentação Vegetariana: da Teoria à Prática” e o “Curso Avançado em Nutrição Materno-Infantil Vegetariana”. Há também o curso “Vegetarianismo, Veganismo e Dieta Plant Based em Pediatria” do Instituto Primordial.
Outra importante fonte de informação é o Guia de Nutrição Vegana para Adultos, elaborado pelo Departamento de Medicina e Nutrição da União Vegetariana Internacional (IVU). O Guia, que se tornou uma obra de referência na área, foi criado para orientar profissionais de saúde.
O Guia tem mais de quinhentas páginas e seu conteúdo se baseou na análise de mais de 700 artigos científicos indexados.
O acolhimento de pacientes veganos representa ainda uma oportunidade para todos os profissionais, que poderão, a partir da experiência com esse público, ajudar a aumentar o conhecimento científico sobre a melhor condução de uma dieta vegana.
Além disso, os profissionais que se qualificarem e se adaptarem verão aumentar exponencialmente a sua clientela.
Links para cursos:
- Curso Nutrição para Vegetarianos, Curso Completo para Nutricionistas e Estudantes de Nutrição, ministrado pela nutricionista Shila Minari, que tem pós-graduação em Nutrição Esportiva Funcional e é mestre e doutora em Nutrição Humana pela UnB.
- Curso Veganismo no Esporte, também ministrado pela nutricionista Shila Minari, que tem pós-graduação em Nutrição Esportiva Funcional e é mestre e doutora em Nutrição Humana pela UnB.
- Curso Prático de Cosméticos Naturais e Veganos, para Leigos e Profissionais, ministrado pela Farmacêutica e Bióloga Larissa Carniel, da Afrodite-se
- Curso Nutrição Saudável e Alimentação Vegana de A a Z, Mentoria em Alimentação Vegana e Vegetariana para o Dia a Dia ou Atividade Física, da Nutricionista Bianca Oliveira
- Curso Online de Introdução ao Veganismo, de Larissa Batista
- Curso “Descubra o Segredo do Melhor Sonho Vegano” – Curso de Sonho Vegano de Padaria, de Liliane Mathias
- Curso de Hambúrguer Artesanal Vegetariano
- Curso de Cosméticos Naturais e Veganos Artemísia
- Curso de Leites Vegetais, de Zulene Saturno