Dieta vegana pode ser indicada para tratar aterosclerose, segundo estudo nova-iorquino. Isso porque reduz os níveis de Proteína C reativa (PCR), um biomarcador inflamatório que mede o risco cardiovascular.
Quanto menor o nível de PCR, menor o risco de morbidade e mortalidade por problemas cardiovasculares.
A aterosclerose, caracterizada pela presença de placas de ateroma (gordura) em artérias coronárias (que são as que irrigam o coração) indica doença arterial coronariana – uma das principais causas de morte por doença cardiovascular.
O estudo foi realizado por meio parceria entre faculdades de medicina e institutos de pesquisa e nutrição de New York, Estados Unidos. Os resultados foram publicados na revista científica Jornal of American Heart Association.
Para realizar o estudo, os pesquisadores acompanharam 100 pacientes onívoros – isto é, que não eram veganos nem vegetarianos – por oito semanas. Todos eles possuíam diagnóstico de aterosclerose.
Nesse período, metade deles seguiu uma dieta vegana com o acompanhamento de um nutricionista. Os demais mantiveram a dieta onívora (que inclui alimentos de origem animal), porém com baixo teor de carne e gordura, conforme as recomendações da American Heart Association (AHA) – Associação Americana do Coração.
No grupo que seguiu a dieta vegana, ao final do período, houve uma redução de 32% nos níveis do marcador inflamatório PCR, quando comparada à dieta onívora.
Tal resultado é animador porque a redução dos níveis de PCR indica diminuição do risco de complicações e de morte por problemas cardiovasculares, como infarto, derrame e isquemia.
Afinal, a PCR é mais do que um biomarcador cujos níveis aumentam em resposta ao processo inflamatório causado pelas placas de ateroma (aterosclerose), que obstruem as artérias e causam esses desfechos cardiovasculares indesejados.
Ela também participa do próprio processo de formação das placas de ateroma. Níveis altos de PCR facilitam ainda a ruptura das placas, que podem se deslocar pelos vasos e causar obstrução de artérias de menor calibre.
De acordo com a publicação, mesmo com o tratamento farmacológico anti-inflamatório, os níveis de PCR se mantêm elevados em quase metade dos pacientes. Por isso, é necessário buscar estratégias adicionais para reduzir os níveis de PCR.
Como a alimentação vegana tem se mostrado anti-inflamatória, os pesquisadores decidiram investigar se este tipo de alimentação poderia ser utilizado como estratégia adicional.
Com base nos resultados, os autores concluíram que uma dieta vegana pode ser usada como tratamento adjuvante (complementar) para reduzir a PCR e, com isso, os riscos de complicações e morte nos portadores de doença arterial coronariana.
Referências bibliográficas:
- Shah B et al. Anti-Inflammatory Effects of a Vegan Diet Versus the American Heart Association-Recommended Diet in Coronary Artery Disease Trial. J Am Heart Assoc 2018;7(23):e011367. Disponível em https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/JAHA.118.011367
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- Gabriel FS et al. Angiotomografia de Coronárias e Proteína C Reativa na Avaliação da Doença Arterial Coronariana. International Journal of Cardiovascular Sciences 2016;29(5):338-347. Disponível em http://www.onlineijcs.org/sumario/29/pdf/v29n5a01.pdf
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