Uma dieta vegana ou vegetariana parece reduzir os sintomas da fibromialgia e melhorar a qualidade de vida dos pacientes fibromiálgicos. Isso porque, de fato, existe uma relação entre fibromialgia e alimentação. Desse modo, a alimentação vegana atua como uma dieta para fibromialgia.
Essa foi a conclusão de uma revisão de estudos científicos conduzida por pesquisadores da Universidade Miguel Hernández de Elche e da Universidade de Alicante, Espanha. A revisão foi publicada na revista International Journal of Environmental Research and Public Health.
A fibromialgia compromete a qualidade de vida
A fibromialgia é uma doença crônica de origem desconhecida que, só aqui no Brasil, atinge 2% da população. O principal sintoma é a dor musculoesquelética crônica.
Outros sintomas comuns da doença são fadiga, rigidez matinal, distúrbios do sono – que, em geral, não é reparador –, dores de cabeça, ansiedade, distúrbios do humor, depressão e falta de ar.
Os autores da revisão espanhola explicam que os múltiplos sintomas da doença, como a dor crônica, têm evidentemente influência negativa sobre a qualidade de vida. As mulheres são as principais vítimas.
Uma alimentação livre de produtos animais atua como um anti-inflamatório na fibromialgia
Essa doença está fortemente associada à inflamação. E, de acordo com os pesquisadores, a alimentação vegetariana tem se mostrado um método útil para controlar a inflamação. Por isso, eles resolveram investigar os possíveis benefícios desse tipo de dieta na fibromialgia.
Eles concluíram que a alimentação vegetariana ou vegana atua como uma dieta para fibromialgia. Segundo eles, esse tipo de dieta parece realmente reduzir os sintomas da fibromialgia e, desse modo, melhorar a qualidade de vida dos pacientes fibromiálgicos.
“A composição corporal, a qualidade do sono, a depressão e a inflamação corporal melhoraram de acordo com esses padrões dietéticos”, afirmaram os pesquisadores.
Alimentação vegetariana é nutritiva e combate radicais livres
Os autores afirmaram ainda que as dietas vegetarianas e veganas fornecem altos níveis de nutrientes, como fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes. Estes podem reduzir os efeitos dos radicais livres – substâncias reativas (oxidantes) que podem causar danos ao organismo e inflamação. Daí a relação entre fibromialgia e alimentação.
De fato, como pontuam os próprios autores, dietas vegetarianas são ricas em antioxidantes – substâncias que protegem o corpo da ação dos radicais livres –, o que ajuda a aliviar esses sintomas da fibromialgia.
Dieta vegana crua também pode beneficiar os fibromiálgicos
A revisão mencionou também os potenciais benefícios do crudivorismo como dieta para fibromialgia. Essa alimentação, baseada em vegetais crus, é um tipo de dieta vegana não cozida, chamada em inglês de “raw food”, que significa comida crua.
Conforme concluiu a revisão, essa dieta pode aliviar os sintomas da fibromialgia. Esta mostrou melhorar a qualidade do sono, bem como reduzir a rigidez matinal e a dor crônica. Demonstrou também melhorar a vitalidade e a saúde geral e biopsicossocial – física, emocional, mental e social.
No entanto, embora os achados encontrados indiquem que essas dietas são, de fato, benéficas para controlar os sintomas da fibromialgia, os autores afirmam que esses resultados ainda não são robustos o suficiente. Portanto, para eles, mais estudos são necessários para confirmar os benefícios das dietas vegetarianas na fibromialgia.
Alimentação livre de produtos animais, desde de que nutricionalmente adequada, melhora a saúde como um todo
De qualquer maneira, segundo os pesquisadores, a Associação Dietética Americana afirma que as dietas vegetarianas ou veganas são saudáveis, nutricionalmente adequadas e proporcionam benefícios à saúde na prevenção e tratamento de doenças. Uma dieta vegana, quando comparada com a onívora, reduz o peso – realmente, a dieta vegana emagrece –, as dores nas articulações e melhora a qualidade de vida, entre muitos outros benefícios.
Além disso, a alimentação vegana, por sua ação anti-inflamatória natural, melhora a saúde como um todo e, portanto, reduz a necessidade de uso de medicamentos. Com isso, veganos ficam menos expostos aos efeitos adversos dos medicamentos. Essa realidade é, de fato, constatada por pessoas que adotam a alimentação vegana e a mantém.
Embora, os benefícios sejam imediatos e muito perceptíveis – isso, é claro, quando o indivíduo segue uma dieta vegana nutricionalmente adequada – a manutenção desse estilo de vida ao longo de anos comprova seu impacto positivo na saúde.
No entanto, eles alertam que, na dieta vegana, pode haver ingestão inferior à recomendada de vitamina B12, vitamina D, cálcio, zinco e, às vezes, riboflavina (vitamina B2). Daí, como sempre, a necessidade de planejamento para que esse tipo de alimentação inclua todos os nutrientes necessários a uma boa saúde.
Ao seguir orientações nutricionais para uma alimentação vegana bem-sucedida, o resultado é uma vida melhor, mais saudável, com mais energia, saúde emocional, vitalidade e, consequentemente, qualidade de vida. Já existe um grande número de guias nutricionais para quem deseja adotar uma alimentação vegana.
Referências bibliográficas:
- Nadal-Nicolás Y et al. Vegetarian and Vegan Diet in Fibromyalgia: A Systematic Review. Int J Environ Res Public Health 2021;18(9):4955. Disponível em https://www.mdpi.com/1660-4601/18/9/4955
- Oliveira LHS et al. Práticas corporais de saúde para pacientes com fibromialgia: acolhimento e humanização. Physis 2017;27(04). Disponível em https://doi.org/10.1590/S0103-73312017000400023