Uma dieta vegana com baixo teor de proteína pode reduzir o risco de câncer de pâncreas, um dos mais mortais. Essa é uma das hipóteses de um estudo conduzido por pesquisadores da fundação californiana de pesquisa sobre longevidade, Catalytic Longevity, dos Estados Unidos, e do Departamento de Alimentos da Universidade de Sonora, México.
Os resultados foram publicados na revista científica Medical Hypotheses.
O pesquisadores buscaram entender por que a mortalidade por câncer de pâncreas aumentou 15 vezes a partir de 1950
Os pesquisadores analisaram o histórico de mortalidade por câncer de pâncreas no Japão no século XX e XXI. Eles observaram que, a partir de 1950, houve um aumento da mortalidade por câncer de pâncreas. Entre 1950 e 2016, essa mortalidade aumentou 15 vezes.
Ao tentar compreender o que causou a mudança, os pesquisadores compararam o estilo de vida dos japoneses antes e depois de 1950.
De acordo com a análise, certos fatores de risco, como tabagismo, obesidade, síndrome metabólica e uso pesado de álcool, explicaram apenas pequena parte desse aumento. Portanto, esses fatores sozinhos não justificavam um aumento tão grande da mortalidade.
A pesquisa mostrou que o fator de maior influência foi a mudança de dieta, isto é, do tipo de alimentação
O fator que, porém, mostrou maior influência sobre esse aumento foi a mudança de dieta que ocorreu a partir de 1950. Segundo a publicação, antes desse período, a dieta apresentava baixo teor de proteínas e era “quase vegana”, pois continha bem pouca proteína animal.
A proteína animal, no caso, ingerida em proporções muito pequenas, era peixe. Para os autores, a ingestão de quantidades mais baixas de proteínas teria papel chave na prevenção do câncer de pâncreas.
Os autores explicam que hoje em dia a maioria das pessoas na sociedade ocidental ingere uma quantidade de proteínas que é superior ao que seria o suficiente.
“É por isso que é necessário olhar para trás várias décadas até as populações que consumiam dietas quase veganas tradicionais para avaliar os impactos dessas dietas no risco de câncer e outros resultados de saúde”, esclarecem.
A dieta quase vegana promovia também vida longa
“É intrigante notar que os okinawanos [povo da cidade de Okinawa, Japão], que em meados do século XX consumiam uma dieta que era tão vegana quanto alguém seria capaz de encontrar em uma população de vida livre – 9% de proteína total e apenas 4% das calorias de produtos de origem animal (peixe) – foram posteriormente caracterizadas pela maior proporção conhecida de centenários”.
De fato, segundo estudos, existe relação entre alimentação vegana e longevidade, isto é, vida longa. Por isso, veganos tendem a viver mais e ter mais saúde.
Esses achados são de suma importância, pois o câncer de pâncreas é extremamente mortal. Segundo os autores, em poucos anos, o câncer de pâncreas pode se tornar a segunda causa de mortalidade por câncer nos Estados Unidos, superando o câncer colorretal.
“Isso reflete, em grande parte, o triste fato de que a mortalidade por câncer de pâncreas é quase idêntica à sua incidência – até o momento, os esforços para tratar esse câncer foram decepcionantes, pelo menos a longo prazo”.
Essa afirmação se baseia no fato de que, lamentavelmente, a taxa de sobrevivência para o câncer de pâncreas é muito baixa. Daí o motivo de a taxa de mortalidade ser praticamente igual à ocorrência desse câncer.
Os tratamentos atualmente existentes são quase ineficazes. Tal fato torna a prevenção desse tipo de câncer ainda mais relevante.
Referências bibliográficas:
- McCarty MF et al. Age-adjusted mortality from pancreatic cancer increased NINE-FOLD in japan from 1950 to 1995 – Was a low-protein quasi-vegan diet a key factor in their former low risk? Medical Hypotheses 2021;149:110518. Disponível em https://doi.org/10.1016/j.mehy.2021.110518