Tratamento da endometriose
Ciências da saúde

Dieta vegana é útil no tratamento da endometriose

A alimentação vegana é útil no tratamento da endometriose, aponta nova revisão de estudos científicos publicada na revista científica internacional Frontiers in Nutrition. Isso porque essa alimentação é anti-inflamatória e ainda regula os níveis estrogênios (hormônios femininos) circulantes no corpo. E tanto a inflamação quanto níveis elevados de estrogênios pioram os sintomas da endometriose.

Além disso, pode amenizar a cólica e os sintomas pré-menstruais.

Ação anti-inflamatória da alimentação vegana no tratamento da endometriose

Sabe-se que a alimentação vegana, por sua composição, tem ação anti-inflamatória – sobretudo quando apresenta baixo teor de gordura. Saiba como é composta a dieta anti-inflamatória vegana.

De fato, como mostraram os autores do estudo, diversas pesquisas científicas confirmam as propriedades anti-inflamatórias de uma dieta baseada em vegetais.

Segundo os autores da revisão, isso ocorre, em parte, porque os vegetais contêm maiores quantidades de polifenóis (que são antioxidantes) do que os alimentos de origem animal. Estes, quando convertidos pelo corpo em compostos ativos, reduzem a inflamação.

Além disso, a alimentação baseada em vegetais promove, no microbioma (flora) intestinal, o desenvolvimento de um número maior de compostos anti-inflamatórios.

Todos esses mecanismos auxiliam no tratamento da endometriose.

O controle do estrogênio no tratamento da endometriose

Outros mecanismos que provavelmente explicam o sucesso da alimentação vegana no tratamento da endometriose envolvem a regulação dos níveis de estrogênio.

Ocorre que esse hormônio aumenta o desenvolvimento da endometriose. E pesquisas mostram que reduzir a ingestão de gordura e aumentar a de fibras diminui as concentrações de estrogênio circulante, prevenindo e tratando a doença.

Os estrogênios encontrados nos produtos de origem animal, particularmente laticínios e carnes, evidentemente pioram a doença.

Os produtos de origem animal aumentam o risco de desenvolver a doença e também os sintomas

Não apenas a quantidade, mas também a origem da gordura está associada ao risco de endometriose.

Os autores citaram um estudo realizado em 2010, que apontou que a ingestão de ácido palmítico (uma gordura derivada principalmente de carne e laticínios) e de gordura trans eleva o risco de endometriose. E, como afirmam os autores, as gorduras trans estão naturalmente presentes na carne e no leite de origem animal.

Além do mais, o alto consumo gorduras animais está associado a outras doenças ginecológicas. Os autores citaram um estudo que mostrou que uma maior ingestão de gordura elevou o risco de câncer de ovário. O mais interessante é que apenas gorduras derivadas de animais aumentaram esse risco.

Os autores mencionaram ainda pesquisas que mostraram que, independentemente do teor de gordura, o consumo de carne (processada ou não) aumenta, por si só, o risco de desenvolver endometriose.

Segundo essas pesquisas, o consumo de mais de duas porções de carne vermelha por dia eleva em 56% a chance de ter endometriose, em comparação com quem consome menos de uma porção de carne vermelha por semana.

De fato, o consumo de carne vermelha eleva os níveis hormonais e a inflamação, elevando, dessa forma, o risco de inúmeras doenças, sobretudo as cardiovasculares e câncer. E, além de aumentar o risco de endometriose, ela também estimula o desenvolvimento e a piora da doença.

Alimentos e nutrientes protetores, úteis no tratamento da endometriose

Ácidos graxos ômega-3

Em contraste, certas gorduras podem desempenhar papéis protetores. Um estudo de 2010, com quase 71 mil mulheres na pré-menopausa, mostrou que aquelas que consumiam mais ácidos graxos ômega-3 eram menos propensas a desenvolver endometriose.

Veja quais são os vegetais com ômega-3 e seus benefícios.

Algas marinhas

De acordo com evidências científicas, quanto maior o consumo de algas marinhas, menores as concentrações de estradiol (hormônio). Isso explica, em parte, os efeitos protetores das algas contra o câncer de mama, bem como a menor incidência e da mortalidade por esse tipo de câncer na pós menopausa no Japão.

Vitamina D

Estudos mostraram que baixos níveis de vitamina D aumentam o risco de endometriose e a gravidade dos sintomas. Evidências mostraram que 50.000 UI de vitamina D a cada 2 semanas, por 12 semanas, reduziram a dor pélvica.

Antioxidantes

Os radicais livres agravam os processos inflamatórios. E como a inflamação causa e também piora a endometriose, pesquisadores estudaram o papel de antioxidantes, que combatem radicais livres.

Segundo os estudos, uma menor ingestão de vitamina C e E, que são antioxidantes, aumenta o risco de endometriose. Já a suplementação com vitaminas C e E pode, por outro lado, reduzir os sintomas e assim auxiliar no tratamento da endometriose.

Dismenorreia (cólica menstrual) e TPM

De acordo com os autores, a alimentação vegana com baixo teor de gordura também pode reduzir a dismenorreia (cólica menstrual), diminuindo a gravidade e a duração da dor, e ainda amenizar os sintomas pré-menstruais. Saiba como é composta a dieta anti-inflamatória vegana, que tem baixo teor de gordura.


Referência:

Barnard ND et al. Nutrition in the prevention and treatment of endometriosis: A review. Front Nutr 2023;10:1089891. Disponível em https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnut.2023.1089891/full


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